Digestão e Absorção de Carboidratos




DIGESTÃO E ABOSRÇÃO DE CARBOIDRATOS
    
     Predominantemente os carboidratos que nós ingerimos eles possuem sim, uma função energética, ou seja, eles irão fornecer energia para o nosso corpo.
    Quando falamos em animais onívoros (aqueles animais que  consomem tanto vegetal, quanto carne) o principal carboidrato ingerido é o amido. Como foi visto na aula prática sobre a atividade amilolítica  em função da concentração enzimática, a qual será descrita no final dessa parte de digestão e absorção de carboidratos. Além do amido, outro polissacarídeo importante na função energética é o glicogênio. O glicogênio é uma reserva energética de carboidrato dos animais. Podemos encontrar esse glicogênio tanto no fígado, quanto nos músculos dos animais. Então, sempre que ingerirmos estes alimentos, haverá uma quantidade de glicogênio que nós também estaremos ingerindo. Então, animais carnívoros, acabam ingerindo uma quantidade maior de glicogênio do que animais onívoros, isso porque os carnívoros se alimentam mais de carne.
Amido apresenta ligações glicosídicas do tipo alfa 1,4


O glicogênio apresenta ligações glicosídicas do tipo alfa 1,4 e 1,6.



         Dentre os carboidratos existentes, os açucares podem ser classificados em: Monossacarídeos, Dissacarídeos, Oligossacarídeos e Polissacarídeos. 


        Os monossacarídeos que encontramos mais frequentemente são: Glicose, Frutose e Galactose. Sendo que a Galactose, ela não existe sozinha na natureza. Não é um monossacarídeo encontrado livremente por aí. A galactose é um açúcar presente no dissacarídeo Lactose. Já a glicose e a frutose, elas são encontradas, como por exemplo, nas frutas, no mel, xarope de milho.  Como eles são monossacarídeos, eles já estão fracionados, e por isso não tem como sofrer mais nenhuma hidrólise, ou seja, eles já estão prontos para serem absorvidos.
       Já os dissacarídeos mais comuns são: Sacarose, Lactose e Maltose. Sendo que a maltose, semelhantemente à Galactose, ela não é encontrada na natureza, porém é encontrada em suplementos alimentares bem comuns, exemplo: shakes, whey protein, os quais possuem as maltoses, as maltorioses e maltodextrinas (derivadas do amido). Por isso a Maltose está zero em porcentagem de digesta, porque não tem na natureza, mas é obtida através da digestão do amido. A Sacarose é encontrada na cana de açúcar, na beterraba e ela é constituída de glicose e Frutose. Quando ela sofre a digestão, ela sofrerá pela enzima chamada de Sacarase, a qual romperá a ligação glicosídica que existe entre a glicose e frutose, e irá liberar essas “oses”.

A lactose, semelhantemente é rompida pela Lactase, que é uma outra enzima presente na borda em escova e ela que irá gerar Glicose e lactose. A maltose, pode ser quebrada por uma dextrinase, na borda em escova também e irá liberar glicose, são duas glicoses neste caso.Falaremos mais à frente sobre outro dissacarídeo que a ISOMALTOSE. Temos também os Polióis, que também são dissacarídeos, é o caso do Manitol e Sorbitol.  Eles não são digeridos.

    Quando falamos em Oligossacarídeos, estamos nos referindo às Maltodextrinas, Rafinose e Estaquinose e por fim, os frutooligossacarídeos.
As maltodextrinas podem ser obtidas na hidrólise do amido, ou também é obtida industrialmente, liberando glicose (que é basicamente várias glicoses unidas) após a digesta. A Rafinose e a Estaquinose, elas são parcialmente digeríveis e estão presentes nas leguminosas. Elas contribuem de certa forma, para formação do bolo fecal. Mas os frutooligossacarídeos, apesar de também não serem digeríveis, eles possuem uma função de ativar receptores que estão presentes no final do intestino. Lá no íleo você tem receptores de oligossacarídeos que induzem a saciedade. Por isso que algumas frutas que possuem uma grande quantidade de Frutoligosacarídeos, são indicadas para perda de peso, pois estas frutas irão promover a saciedade por um longo período de tempo, principalmente se você ingerir antes da refeição. Porque assim, você tem mais chances desses frutoligossacarídeos chegarem ao intestino no momento em que você vai se alimentar.

  Quando falamos em polissacarídeos, nós temos o AMIDO e o GLICOGÊNIO, mas também temos as fibras alimentares. Falando um pouco do amido, podemos observar que ele está predominando 65% da ingesta de carboidratos, considerando que estes valores referem-se aos humanos, mas em relação aos onívoros, mais de 50%  da ingesta de carboidratos é de amido. Como falado anteriormente, em carnívoros, principalmente aqueles carnívoros verdadeiros, que ingerem uma quantidade de carboidrato muito maior, neste caso, não será o amido, e sim o glicogênio.  Sempre estaremos falando de onívoros de uma forma geral, não estaremos dividindo. E as fibras alimentares é a celulose, só que ela não é digerida pelos onívoros. Elas servirão apenas para dar volume ao bolo fecal.
        Tanto glicogênio, quanto o amido eles são polímeros de glicose. A diferença é que a ligação  presente do amido, ou seja, da amilose é do tipo alfa 1,4. Sempre será assim no amido. De uma glicose para outra, teremos a ligação do tipo alfa 1,4. Já no glicogênio, temos várias glicoses também, além da ligação alfa 1,4, encontraremos também a ligação do tipo alfa 1,6. Não só o glicogênio é assim, mas a amilopectina possuem ligações glicosídicas do tipo alfa 1,6 também.

                                                   DIGESTÃO LUMINAL- FASE LUMINOSA

       A digestão de carboidratos se inicia na boca, sobre a ação da amilase salivar. Só que essa enzima é encontrada única e exclusivamente, em primatas. Parece que porco tem alguma coisa de atividade também, mas carnívoros, outros animais, ou no caso da maioria dos animais mamíferos não possuem amilase salivar. Veremos mais abaixo, uma comprovação deste fato. Será demonstrado, como fazemos para identificar a presença ou não de amilase salivar, tanto nos seres humanos quanto em algumas espécies animais.
      Encontramos na boca, três glândulas salivares que irão ajudar na formação e condução dessa saliva. Dente elas, nós temos a glândula sublingual; submaxilar e parótida. Como foi dito acima, as mesmas elaboram a saliva, importante para amolecer o alimento, quebrar o amido e estimular o suco gástrico. Sabemos que além de água, que ajuda a emulsificar o bolo alimentar, a saliva possui a Mucina, a qual ajuda na deglutição, sendo considerada uma mucoproteína. Temos o cloreto de sódio, que será mostrado abaixo também, que para detectarmos a presença de amilase na saliva humana, utiliza-se solução salina fisiológica, ou seja, há uma diluição da amilase em solução salina. Devem estar se perguntando: “o que é a solução salina fisiológica?” Esta solução é sal, e justamente na saliva, encontramos o cloreto de sódio, ou seja, esse cloreto é cofator da amilase salivar. Desta forma, é importante a presença do cloreto para que a amilase salivar tenha sua melhor atividade.
        A partir daí, o alimento irá sofrer a ação dessa amilase salivar quando ele estiver na boca. “Mas qual é o tempo de permanência do alimento na boca?” Dependendo das situações, o alimento não fica nem 5 segundos na boca. O certo seria que o alimento ficasse por no mínimo 30 segundo na boca. Porque é nesse tempo que a amilase consegue ter sucesso na sua ação. Ela também consegue agir, logo assim que alimento é deglutido. O alimento forma um tipo de “bolinha”, chegando comprimido no estômago por conta da deglutição. Então, no estomago fica essa bolinha, e no interior desse bolo alimentar, a enzima continua agindo, mas por fora ela entra em um ambiente muito ácido. Já dizia a fisiologia, que na fase cefálica da digestão, diz que quando você vê o alimento, você já começa o processo digestivo, já inicia o processo de salivação e juntamente com o processo da produção do sulco gástrico.  “ E o que tem nesse sulco gástrico?” Temos a presença do HCl (ácido clorídrico). “O que acontece com a amilase salivar quando ela entra em contato com o sulco gástrico?” Ela desnatura, ou seja, perde sua conformação espacial (estrutura tridimensional), perdendo assim sua função. Então ao entrar em contato com o sulco gástrico (o qual contém o HCl) ela desnatura, perdendo totalmente sua função. Desta forma, podemos concluir que a amilase salivar só possuirá atividade enquanto estiver na boca e por apenas alguns segundos no interior do estômago, até entrar em contato com o suco gástrico. Isso acontece, pois assim que o estômago percebe a presença do alimento, iniciam-se os movimentos peristálticos, ocorrendo uma miscigenação do bolo alimentar com o suco gástrico.
       Todavia, conclui-se que a amilase salivar tem uma atividade muito baixa, muito pouco eficiente por conta do processo digestivo.  Porém, será visto mais abaixo, o quanto ela é rápida e digere tudo em relação ao tempo.  Ela é eficiente, pois consegue fazer uma diferença, mesmo com esse nosso processo, porém não é tão eficiente assim, quanto a  próxima enzima que será descrita abaixo.  É muito interessante dizer que o parassimpático é muito importante, ele age de forma involuntária, porque só de você olhar a comida, forma-se uma secreção.
 
                                                                AMILASE PANCREÁTICA
 
           A amilase pancreática vem logo depois da amilase salivar, pois no estômago não há digestão de carboidratos. Muito importante destacar que esta enzima só vai romper ligações do tipo alfa 1,4 semelhantemente à amilase salivar. A diferença entre ambas, é que a amilase pancreática é secretada no sulco pancreático. Então, como dito acima, no estomago não há digestão de carboidratos, a não ser naquela fase inicial, por volta de segundos, onde há a homogeneização do bolo alimentar. A partir do momento em que ele entra em contato com o suco gástrico, esse processo de digestão no estômago chega ao fim. Desta forma, vai acontecendo o esvaziamento do conteúdo gástrico para o intestino. Isso acontece aos poucos. Primeiramente, o intestino vai neutralizando o pH do sulco gástrico, com bicarbonato, ou seja, a partir do momento em que vai entrando alimento que vem do estômago para intestino, o mesmo vai sendo neutralizado pelo suco pancreático. Desta forma, esse sulco pancreático, devida à sua alta concentração de bicarbonato, irá neutralizar o os alimentos ácidos que vem do estômago. 
         Quando o alimento chega ao intestino, ele volta ao pH em torno de 7,4 (alcalino). E aí sim, no intestino, nós temos a ação da amilase pancreática, a maior parte da digestão de carboidratos acontece no intestino, na fase que chamamos de luminal. Então, essa amilase pancreática vai quebrar esse glicogênio, amido, amilopectina em seus produtos: Maltotriose, Maltose, Dextrinas de tamanhos variados, pode acontecer uma isomaltose também (que são duas glicoses ligadas por uma ligação alfa 1,6). A questão é, que após a ação da atividade da amilase pancreática, ocorre um fracionamento bem acentuado das partículas de amido, glicogênio e amilopectinas.  Então, forma-se no intestino uma “sopinha”, a qual contém dextrinas, que quando bem pequeninas, que na presença do iodo elas ficam incolor, um pouco maiores ficam amarelas, depois meio avermelhadas e acima disso, ficam na coloração azul (temos o amido propriamente dito). Temos também os dissacarídeos que são digeridos, mas nenhuma enzima atuou sobre eles. É o caso da sacarose e glicose, ou seja, essa amilase pancreática não irá agir sobre eles, ela não rompe essa ligação, por exemplo, da galactose é do tipo beta 1,4,; já da sacarose é do tipo alfa 1,2, ou seja, existe uma ligação específica para romper cada um desses dissacarídeos, que é a galactase e a sacarase, respectivamente. Acontece a mesma coisa, com a isomaltase, que possui uma ligação do tipo alfa 1,6 e quem irá romper esse ligação é uma dextrinase, ou uma enzima específica que é a isolmaltase e não a amilase pancreática.  Isso acontece porque a amilase rompe ligações no interior da cadeia, ou seja, ela é uma ENDOGLICOSIDADE.  Tanto a amilase salivar ou pancreática não consegue romper ligações alfa 1,4 que estejam nas pontas da cadeia, e para isso existem enzimas específicas para realizar este processo.

                                             DIGESTÃO ENTÉRICA – FASE MEMBRANOSA

         Devemos lembrar que o processo de absorção acontece da luz para o sangue. Sabemos que esse processo de digestão ruminal está acontecendo na luz intestinal. Temos as microvilosidades, que são formadas pelas diversas invaginações sofridas pela membrana. Temos também, as células chamadas enterócitos (as quais são as células da mucosa intestinal). Esta membrana em formato de borda em escova é voltada para luz, é conhecida como membrana luminal ou membrana em formato de borda em escova e nela encontramos a presença de proteínas enzimáticas que irão desencadear a fase membranosa da digestão. Já a membrana voltada para os vasos sanguíneos é chamada de membrana basal ou basolateral. Todas essas membranas em epitélios absortivos possuem uma porção basal e uma porção luminal.
Observem a imagem abaixo: 

          O produto que está sendo absorvido ele poderá passar ou para o sangue ou para linfa. Então, através de todo esse processo, ocorreu a digestão pela amilase salivar e pancreática.  E o resultado disso, são as dextrinas e os oligossacarídeos de maltose. Por fim, nós temos as dextrinases que estarão terminando esse fracionamento da amilose e do glicogênio e como produto nós temos a glicose. Temos ainda a LACTOSE e a SACAROSE, que serão digeridas por enzimas específicas, que estão também na borda em escova. A lactose será digerida pela lactase, e a sacarose será digerida pela sacarase. Lactose dando como produto: galactose+ glicose, enquanto a sacarose dá como produto a glicose + frutose. 
            No final da digestão de carboidratos é finalizada, quais são as “oses” que nós temos?  São Galactose, glicose e frutose, onde a predominante entre elas é a glicose. Esse processo acabou. Abaixo veremos como acontecerá a absorção desses alimentos, ao saírem da luz em direção aos vasos sanguíneos.

ABSORÇÃO DE CARBOIDRATOS

      A glicose é absorvida por um co-transportador chamado de SGLT-1, que faz transporte de glicose e Na+ por um simporte ( transporte quando os dois vão na mesma direção) entrando assim, duas moléculas  de Na+ e duas de glicose. Este transporte é do tipo ativo secundário porque a glicose está entrando contra o seu gradiente de concentração, e só acontece graças ao gradiente de Na+ (muito mais Na+ do lado extracelular do que no meio intraceluluar) e esse gradiente existe porque é gerado por uma proteína presente na membrana basolateral chamada de Na+/K+ ATPase que carreia 3 Na+ para fora da célula e 2 K+ para dentro,as custas de uma molécula de ATP.
       A termodinâmica diz que uma molécula migra de onde tem maior quantidade para onde tem menor  quantidade, então, o Na+ entra a favor do seu gradiente e com isso libera energia eletomotriz para carregar uma glicose junto, por isso a glicose é carregada contra o gradiente.
        Uma vez dentro da célula, a glicose sairá por permease, por meio de um transportador do tipo GLUT 2 até chegar ao sangue. A galactose vai seguir o mesmo caminho, pois o SGLT-1, pode ligar tanto a glicose quanto a galactose. Já a frutose, tem outro trasportador específico chamado de GLUT 5, sendo esse um transporte passivo facilitado.

Digestão e Absorção da glicose e galactose por microvilosidades.




      Como ressaltado bem no início, será mostrado na próxima postagem, através de práticas realizadas em laboratórios, como é a atividade  da amilase salivar de acordo com o tempo da reação e também como é a sua atividade  de acordo com a concentração enzimática.


                               "Lutar sempre, vencer às vezes, mas desistir NUNCA!"

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