Glândula mamária e Biossíntese do leite


                  Realizando uma breve introdução, quando observa-se um cladograma de vertebrados, dizemos que dentro da escala de evolução, os mamíferos se destacam. Veja na imagem abaixo:


      Os mamíferos são em grandes quantidades, por conta desta característica, eles possuem grande capacidade de se desenvolverem em diversos nichos e habitats. O advento das glândulas mamárias dos mesmos, separam-se basicamente pelo o que chamamos de "estratégia K."









     ->Biossíntese do Leite (mais especificamente em caprinos e bovinos)
      
      Normalmente, diz-se que os percursores que dão origem aos nutrientes encontrados no leite, varia de acordo com a espécie de caprino e bovino. A Lactose não muda, é comum em ambas, porém para as proteínas, lipídeos, existem percursores distintos.
     N a fase da lactação propriamente dita, ocorrem mudanças hormonais, comportamentais, psíquicas e físicas. Como por exemplo, no caso da vaca, nesta fase, a mesma pode realizar a aceitação de suas crias, como ao mesmo tempo, elas podem ficar raivosas. As glândulas mamárias são as produtoras do leite, e nas variadas espécies, as mesmas possuem conformações diferentes. O quadro abaixo demonstra essas distinções das glândulas mamárias:

    

   Observando a foto ao lado, podemos identificar que no caso dos ruminantes (vacas, cabras, ovelhas) encontramos ligamentos responsáveis por sustentar toda essa estrutura. Mais especificamente nas vacas, há ligamentos que são rigorosos, e que suportam até 100kg. Muitas das vezes, encontramos casos em que esses ligamentos se rompem, e isso é causado devidamente por conta de erros de manejo.  Outro caso relacionado a esse erro, seria, casos de infecções, como por exemplo, a "mastite", que verdadeiramente, são ascendentes. Ela são passadas por meio de erros no manuseio, pela falta de higiene e tudo mais. Encontramos uma camada de tecido conjuntivo, logo abaixo da mesma, forma-se um tecido glandular/alveolar, que é onde é produzido o leite. Mais abaixo, dispomos das cisternas da glândula, e  próximo às tetas, visualizamos um área de reserva do leite (áreas de cisterna das tetas). Seja em qualquer uma das espécies de mamíferos existentes, em qualquer uma das disposições demonstradas no quadro acima, os alvéolos são iguais para todas. Estes são chamados de "sacos", os quais contém uma camada de células alveolares, que transformam o sangue em leite. Em vacas, por exemplo, estima-se que para que elas produzam 1 litro de leite, é necessário que passe 600 litros de sangue. Todos os percursores do leite vem do sangue. É necessário que haja uma disponibilidade de sangue eficaz para que a vaca produza. Por isso que muitas das vezes, repara-se na disposição circulatória e na capacidade de produção que a vaca tem. Uma outra área importante, são as células epiteliais. Estas são denominadas "células de arranjo", ou seja, uma rede de músculos que envolve todo o alvéolo. Essa rede muscular é acionada pela Ocitocina (responsável pela compressão, fazendo assim com que o leite possa começar a sair). 
                 
Ilustração das principais estruturas faladas acima.


                     Antes do desenvolvimento da mama, há toda uma preparação prévia hormonal. Por exemplo, qual é o sinal para que os Ductos atróficos (atrofiados) possam se desenvolver?  Quando há presença de estrogênio, tudo começa a mudar. Impreterivelmente, podemos falar que o estrogênio, hormônio do crescimento e cortisona, são responsáveis por este desenvolvimento, ou seja, os ductos que estavam atrofiados, começam a se desenvolver. Quando a vaca fica grávida, por exemplo, sabemos que o estrogênio cai, e começa a ter um crescimento acentuado de progesterona (P4), a qual irá preparar um ambiente apropriado para que ocorra a gestação.  Em seguida, vem a ação da Prolactina (hormônio que irá manter a produção o leite/ as secreções), permitindo que haja o crescimento dos alvéolos. A partir do momento em que todos esses hormônios estejam ativos ( estrogênio baixo; progesterona alta e manutenção da prolactina), aí sim terá a secreção do leite. Uma curiosidade grande, é que a primeira produção de leite chamamos de "leite residual". 
                      Como a Ocitocina é estimulada? 

      A octocina também é um hormônio liberado pelo hipotálamo-hipófise, onde a partir do momento em que haja a "sucção", estimulação do mamilo, vai haver um reflexo induzido que vai passar pelo cordão espinhal, pelo núcleo paraventricular e aí teremos a atuação da via hipotalâmica para hipófise posterior, onde vai ser liberado a ocitocina. Há o aumento da ocitocina (picogramas), mas que são suficientes para estimular os alvéolos, visto que as contrações das  células mioepiteliais são muito sensíveis.
Descrevendo mais sucintamente e tecnicamente o esquema ao lado podemos dizer que:

1-  O processo de sucção inicia um impulso nervoso que estimula a produção da ocitocina no hipotálamo e sua liberação pela pituitária posterior;
2 e 3-  A percepção e o som do bebê no momento da amamentação também libera ocitocina;
4- A ocitocina causa contração das células mioepiteliais promovendo a saída do leite;
5-    A prolactina liberada pela pituitária estimula a síntese do leite.

Essa mesma ocitocina tem ação dupla, no momento após o parto:
- Ejetar o leite;
- Contração uterina/vaginal, ou seja, quando falamos de um parto natural, há resquícios de muitos envoltos uterinos, restos placentários. Por fim, ao mesmo tempo que a fêmea está amamentando, ela também está liberando pela vagina os envoltos, ficando cerca de 1 ou 2 semanas fazendo essa excreção. Por isso dizemos que a ocitocina possui uma dupla função.

      A sucção interfere tanto na liberação da ocitocina pela hipófise posterior, quanto na prolactina pela hipófise anterior. Só que a ocitocina age diretamente nas células mioepitelais e a prolactina vai atuar sobre as próprias células alveolares.  Portanto quem é responsável por manter as células alveolares ativas é a prolactina, só que nós sabemos que a prolactina ela se mantêm em níveis mais altos, a partir do momento em que houver o esvaziamento completo da glândula mamária.

    VIAS E/OU CAMINHOS DA FORMAÇÃO DO LEITE:

        Como dizemos anteriormente, tudo é obtido pelo sangue, ou seja, dele obtém-se os ácidos graxos; através da atuação do VLDL eles fornecem muitos dos triacilgliceróis. 90% do que encontramos nos glóbulos de gordura são os triacilgliceróis. O leite como um todo, as gorduras do leite são formados por triacilgliceroís. Encontramos também, fosfolipídeos, vitaminas lipossolúveis.
        No caso das proteínas, temos o papel nuclear na tradução. E o aparelho de golgi que forma as vesículas secretoras, as caseínas e as globulinas lácteas. Esse aparelho de golgi é responsável também pela produção final junto citosol, da transformação da glicose em lactose.
Detalhando todo o processo, podemos dizer que a glicose é obtida do sangue, e nós temos a necessidade de que haja a transformação de uma das glicoses.  Uma delas já é fosforilada e colocada à disposição para o complexo de golgi, e a outra em si, ela é ativada pela UDP-galactose, e depois será transformada por um complexo (composto por duas proteínas) chamado de Galactosiltransferase pela alfalactoalbumina, ou seja, essas duas diferentes proteínas quando se acoplam dentro do aparelho de golgi, elas formam um complexo enzimático chamado de lactose sintase, ou lactose sintetase. Então, finalmente esse complexo pega a glicose e a UDP galactose, formando a lactose. 
     Falando um pouco, de como esse processo de formação da lactose, depende da glicose, muita das vezes nessa fase, a vaca vai tirando da onde tem para tirar o leite, ela tira do osso, das gorduras. Uma das formas de ela produzir a glicose é através do lactato, dos aminoáciodos glicogênicos (maioria dos aminoácidos geram glicose), piruvato etc. O único ácido graxo que gera glicose é o ácido propiônico. Geralmente, diz-se que a produção do leite é limitada pela produção da lactose. No caso dos ruminantes, as principais fontes são proprionato e aminoácidos gliocgênicos, são as principais para que se mantenha a glicemia funcional para produção do leite.

      A água, muitos eletrólitos e muitos minerais, formam o leite tanto pela via paracelular quanto pela via transcelular, sem que eles sejam modificados. Existem mecanismos facilitadores para esta passagem, sobre tudo leucócitos, para que defendam eles sobre infecções. Já as imunoglobulinas elas são exocitadas, mas por outras vias. Há um processo complexo, onde estas que estavam no sangue, são passadas para o sangue, como por exemplo, as imunoglobulinas G, ou seja, todos os patógenos que a mãe teve contato, todos os resquícios, são passados para o " leite residual".
     Temos o trabalho do aparelho de golgi, falado acima, para formação da lactose, o qual é o principal açúcar encontrado no leite. As proteínas possuem um trabalho no núcleo, na tradução, retículo endoplásmatico rugoso, juntamente com o complexo de golgi, através do processo de exocitoses, liberando assim as proteínas no leite.
     Enquanto os lipídeos, possuem um trabalho no retículo endoplasmático liso, complexo de golgi, formando-se grandes concentrações de lipídes, onde esse processo é envolvido por membranas que formam tipos de vacúolos, e ele se fundem e a própria membarana do álveolo é liberada com esse concentrado de lipídeo (a maioria deles são os triacilgliceóis). Estes triacilgliceróis, muitos deles são formados no retículo endoplásmatico liso, ou seja, são formados triacilgliceróis específicos, tanto para bovinos, quanto para caprinos.
                        Abaixo nos veremos os constituintes do sangue, e os que são encontrados no leite:
                                                       
                                                                         RESUMO DA SÍNTESE DO LEITE
       Observamos na imagem acima, a passagem direta de água, minerais e vitaminas, assim como as imunoglobulinas. Para a formação das proteínas, qual é o ingrediente básico?  Os ingredientes básicos são os aminoácidos, ou seja, eles são passados  e célula faz a transcrição e depois ela traduz, formando as caseínas e globulinas. Temos as alfa, beta e K caseínas e temos as beta-Lactoglobulinas e alfa-Lactoalbumina, que formam assim as proteínas do soro. No caso da lactose, temos a dependência glicose, ou seja, essa glicose é ponto chave para a formação da lactose. Da glicose gera-se a galactose, que é processada pela lactose-sintetase paa gerar lactose.
Já nos caso dos lipídeos, a base são os ácidos graxos, triacilgliceróis, e acetato e butirato, onde são conhecidos como as principais fontes que vão gerar trialcilgliceróis, os ácidos graxos de cadeia longa e curta, assim como também formam os glóbulos de gordura.

     Observamos uma grande modificação do leite formado no primeiro dia (colostro -leite residual). Apenas no 5º dia mais ou menos, essa composição se normaliza, e gera o que chamamos de leite normal.
Concluí-se que o processo natural, o parto natural gera um leite melhor, em relação a um com cesariana, pois no mesmo, não há produção de ocitocina, deixando o leite bem inferior. 

           PATOLOGIAS RELACIONADAS À MAMA:

- Intolerância à lactose:


        Na maioria das pessoas, a lactase deixa de ser expressa. Chega um determinado momento na vida adulta ela deixa de ser expressa, ou quando ela fica muito tempo sem tomar leite, e quando toma, não há expressão (não digere) a mesma. 

-Mastite: 


 A mastite é um problema/infecção muito frequente em vacas, por conta da má higiene na ordenha, como também a própria qualidade da higiene das instalações.

- Hipocalcemia: 

Frequente em cadelas, mais ou menos nas duas primeiras semanas, logo após o parto, quando o animal não está preparado, teve uma ninhada muito grande. E no caso, dos animais domésticos ou até mesmo os de produção, podem ter no final da gestação ou durante a lactação, porque há uma demanda muito grande para formação do feto e para quantidade de Cálcio que tem que ter no leite para manter a formação ossea do neonato.


" Cresça, lute e jamais desista. Adquira conhecimento, e colherás os frutos posteriormente."




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